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Sobre a Dor

A dor é o sintoma clínico mais comum na medicina. Segundo a IASP (Associação Internacional para Estudo da Dor), a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesão de tecidos real ou potencial.

 A dor que excede três meses de duração é chamada dor crônica. Nesta situação, nem sempre há conexão entre dor e um dano físico. A dor crônica é um real problema de saúde pública, considerando-se sua elevada prevalência.

A dor afeta a pessoa que a experimenta de forma física, psicológica e social. Portanto, considerando-se que a dor é uma desordem “biopsicossocial” complexa, o sucesso no seu manejo exige uma abordagem por especialistas e em muitos casos, um tratamento multidisciplinar.

Dores da Coluna

A dor na coluna ou lombalgia é um dos principais problemas de saúde no mundo. Setenta a oitenta por cento dos adultos terão pelo menos um episódio de lombalgia durante a sua vida.

Lombalgia é definida como dor e desconforto na região lombar. Quando essa dor está associada a irradiação para o membro inferior, pode significar uma compressão da raiz de um nervo da coluna (dor “ciática”). Na maioria das vezes, as dores nas costas estão relacionadas a uma síndrome dolorosa miofascial, de origem muscular e que também pode estar associada a irradiação da dor. Deve-se ter cuidado ao valorizar as alterações descritas em exames de imagem da coluna porque muitas vezes representam um “processo natural”. Diferenciar as diversas causas de dor lombar faz parte da rotina do médico que atua em dor.

O tratamento deve ser individualizado e pode ser com medicamentos, fisioterapia e também através de procedimentos intervencionistas contra a dor. Uma minoria dos casos exige o tratamento cirúrgico.  Na prevenção da recorrência, podem ser necessários mudança de hábitos, mudança de postura e reforço muscular.

Dores da Cabeça

Dor de cabeça ou cefaleia significa uma sensação dolorosa da região craniana. A maioria das pessoas terão pelo menos um episódio de cefaleia no decorrer de sua vida. A dor de cabeça é responsável por importante impacto negativo na qualidade de vida e bem estar das pessoas. Bastante comum é o abuso do uso de analgésicos na tentativa de alívio, mas isso acaba sendo na verdade um fator agravante.

A cefaleia  costuma ser recorrente e não está associada a outras doenças, sendo “ela própria” o problema. Neste caso, a dor de cabeça é benigna e classificada de acordo com suas características. Por exemplo: enxaqueca, enxaqueca crônica (frequente e com duração superior a três meses), cefaleia tipo tensional, cefaleia em salvas, etc. A enxaqueca é o tipo mais comum de cefaleia, estimada como a terceira doença mais prevalente e uma das enfermidades mais comuns da humanidade. O tratamento costuma envolver mudanças no estilo de vida, suspensão do uso abusivo de analgésicos e tratamento não medicamentoso, assim como o uso de medicamentos preventivos e para as crises de dor.

Algumas vezes, a cefaleia está relacionada a outras doenças orgânicas, sendo “sintoma” de outros problemas. Mediante a avaliação médica, a causa pode ser esclarecida e tratada.

Hérnias de Disco

Entre as vértebras da coluna existe um disco cartilaginoso, importante na união entre elas e também na mobilidade da coluna. Por fatores diversos, genéticos e relacionados aos esforços sobre a coluna, as fibras ao redor destes discos podem romper-se e o conteúdo do disco ser deslocado para trás, causando compressão direta sobre a origem dos nervos que emergem da coluna em direção aos membros. Tipicamente, provocam dores na região cervical com irradiação para o membro superior ou dor lombar, com irradiação para o membro inferior.

As medidas conservadoras incluem o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, relaxantes musculares, fisioterapia especializada, hidroterapia, acupuntura e repouso não prolongado. Na dor intensa, uma opção eficaz é a injeção percutânea de medicações junto ao nervo afetado – estes são os “bloqueios peridurais”. A cirurgia costuma ser indicada quando surge fraqueza muscular (nos músculos inervados pela raiz nervosa que está comprimida), nas situações de dor de difícil controle ou de permanência de dor intensa depois da tentativa de tratamento conservador.

Dores Articulares

Milhares de pessoas sofrem de dores crônicas nos ombros, joelhos ou nas costas. As dores articulares podem ser ocasionadas por diferentes tipos de lesões ou doenças, causando sofrimento e limitações. A osteoartrite é uma causa prevalente e ocorre devido à degeneração da cartilagem articular. Causas traumáticas e relacionadas a outras doenças sistêmicas também devem ser consideradas.

Dor relacionada ao câncer

As dores relacionadas ao câncer geralmente são devidas à compressão pelo tumor das estruturas próximas e a efeitos relacionados ao tratamento (cirurgias, quimioterapia, radioterapia). Em sua maioria, a dor pode ser controlada com medicamentos. Naquelas pessoas com dor refratária, alguns procedimentos menos invasivos podem ser considerados. Cada situação é especial e deve ser avaliada cuidadosamente.

Síndrome de dor neuropática

Diversas doenças são agrupadas nesse tipo de dor denominada neuropática, as quais têm em comum alterações nos mecanismos de geração e condução da dor pelos nervos. É comum haver uma “hiperexcitabilidade” dos neurônios envolvidos nas vias da dor, como resultado da disfunção do sistema nervoso. É bastante comum a pessoa queixar-se de sensação de queimação, ardência, choques, alterações na temperatura e cor da pele no segmento atingido. São exemplos de doenças caracterizadas por dor neuropática: síndrome de dor complexa regional, neuralgia pós herpética, neuropatia do diabete, neuralgia do nervo trigêmeo.

Neuralgia do nervo trigêmio

É uma dor neuropática causada por irritação ou lesão do principal nervo sensitivo da face. As pessoas que sofrem dessa dor costumam relatar a ocorrência de dor súbita, intensa, unilateral, breve e que lembra uma descarga elétrica. É comum um movimento ou toque na face serem um “gatilho” para a dor. O controle da dor é possível através de medicamentos específicos ou procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos.

Dores difusas crônicas

Os principais exemplos dessas dores são a fibromialgia e as síndromes dolorosas miofasciais (relacionadas à musculatura). Essas enfermidades causam dor crônica que afeta a qualidade de vida da pessoa, influencia o comportamento, o humor, a sensação de bem estar e o desempenho profissional.

A fibromialgia é uma doença complexa, às vezes com diagnóstico tardio e confundido com outras enfermidades. É causa de dores em diversas regiões do corpo, associadas com frequência a alterações na qualidade do sono, na memória e capacidade de concentração e no humor; há sensação de rigidez, fraqueza e cansaço.

O sucesso do tratamento depende da compreensão do problema pelo paciente, de fisioterapia especializada, atividade física orientada, medicamentos individualizados, injeção de anestésico ou agulhamento a seco em “pontos gatilho” da musculatura, acupuntura etc. A revisão do estilo de vida e a avaliação psicológica (terapia cognitivo comportamental) não devem ser subestimados mas, pelo contrário, podem ser a chave para resolver casos aparentemente “intratáveis”.